segunda-feira, março 05, 2012

Ser mulher

Enquanto lia uma revista do mundo cor de rosa (sim, também tenho alguns devaneios literários!) deparei-me com uma pergunta feita à Catarina Furtado e que era assim:

"Freud disse que em 30 anos de pesquisa da alma feminina nunca conseguiu encontrar resposta para a grande questão: que quer uma mulher? Será assim tão difícil?"

Ao que a apresentadora responde: "Se Freud não conseguiu, quem sou eu? Tenho uma grande vantagem em relação a ele, sou mulher e gosto muito embora também dê algumas dores de cabeça, porque pensamos muito."

Embora não tenha respondido à questão, a apresentadora disse uma coisa com a qual concordo plenamente e da qual sou o espelho, as mulheres pensam muito, e se tivesse que escolher uma frase que me descrevesse seria essa. Penso muito, penso no que fiz, no que poderia ter feito, no que tenho para fazer, por que tenho de o fazer, o que faria se estivesse numa determinada situação e o porquê de ter agido de certa maneira. Quando me deito, caso não tenha muito sono, ou pensando melhor, mesmo quando o tenho, não consigo calar o meu cérebro e quando dou por mim já passaram duas horas e ainda não peguei no sono.

A cara metade ao meu lado já está a sonhar (e a ressonar...) enquanto eu estou a pensar no que fazer para o jantar no dia seguinte, ou a organizar o meu dia mentalmente, ou a decidir o que vou vestir no dia seguinte, se preciso de lavar o cabelo, se vou ao ginásio, o que comi naquele dia que podia ter evitado, enfim, uma variedade de pensamentos inúteis que me roubam horas preciosas de sono. O pior é quando estes pensamentos não são tão frívolos, quando penso na minha existência, na minha saúde e dos que me rodeiam, nos meus avós que já faleceram e com os quais não passei o tempo suficiente, no ter ou não ter filhos, se sou boa ou má pessoa e se as pessoas que me rodeiam acham que sou boa ou má pessoa. Acho que estas são questões sobre as quais apenas as mulheres pensam e que lhes atormentam o sono e a existência, não creio que os homens liguem tanto a estas coisas como nós, acho que está nos genes femininos esta coisa da preocupação e da constante análise do que nos rodeia, obviamente não é nada que consigamos desligar, por mais que nos apeteça.

Por isso, acho que também não seria capaz de responder àquela questão, eu não sei o que quero, não sei o que outras mulheres possam querer e acho que nunca irei saber. Claro que quero ser feliz, seja lá o que isso for, quero amar e ser amada, seja lá o que isso for, quero viajar, quero ser bem sucedida, quero ajudar os animais abandonados, as crianças abandonadas e os velhos abandonados, quero, quero, quero, mas não posso ter tudo...

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